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21 outubro 2010

Imagine(m), um texto de Mário Crespo

Tomo a liberdade de publicar na íntegra um texto fabuloso que me veio parar ao email ontem e com o qual concordo com cada vírgula. Do grande Mário Crespo.

Imagine(m)

"Imaginem que todos os gestores públicos das setenta e sete empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados.

Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação. Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento.

Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas. Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado.

Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público. Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar. Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês.

Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência. Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas. Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam. Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares. Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas.

Imaginem remédios dez por cento mais baratos. Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde. Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros. Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada. Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido. Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.

Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas.

Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo. Imaginem que país podíamos ser se o fizéssemos. Imaginem que país seremos se não o fizermos."

Pois, e assim vamos andando...!

04 outubro 2010

U2 em Coimbra - 03-10-2010















Bom, começando pelos Interpol que como é sabido são actualmente compostos por Paul Banks, Daniel Kessler e Sam Fogarino, depois de o baixista Carlos Dengler ter abandonado o projecto, trouxeram um substituto bem à altura, no caso Dave Pajo, ex-guitarrista dos Slint e antigo baixista dos Zwan de Billy Corgan, que toca como os deuses, aquele baixo soa divino.

Trouxeram uma pujança rock muito competente e eficaz mas sem a chama suficiente para elevar multidões.
Se a ideia era aquecer para os U2, chumbaram.
Ainda assim saiu-lhes a sorte grande.
Não ouvi ainda o novo e homónimo disco mas avaliando ao vivo e
depois de já os ter visto 3 vezes sempre em circunstâncias diferentes acho que fico por aqui. Gosto muito de "Turn On The Bright Lights” de
2002, e sobretudo de “Antics” de 2004 e pronto, daí pra cá...

Chegam os U2 e aquilo é a pura da loucura. Nem me vou alargar muito em descrições, digo apenas isto:
Tomemos como exemplo alguns daqueles temas que já não se podem ouvir, tal foi o excesso de airplay nas rádio durante anos a fio, e que algumas de cariz mais popular e comercial ainda tocam, tipo "Pride", ou "With or without you" ou mesmo "Where the streets have no name", por aí.
Ora, uma pessoa desliga o rádio ou muda logo de estação, certo? Certo!
Ali não. A coisa tem tal dimensão celebratória, a intensidade emocional é tanta que se torna impossível não comungar daquela energia, mesmo não sendo um fã incondicional.
Os U2 têm isto, e têm uma máquina infernal à sua volta, de tal forma oleada que um concerto desta dimensão é um acontecimento absolutamente imperdível pelo menos uma vez na vida.
Eu já os tinha visto em 93 na Zoo Tv Tour e agora bisei e fartei-me de curtir. Muito por conta de grandes temas, que o serão sempre, como "New Years Day", "Mysterious Ways", "Until the end of the world", "Elevation", "Vertigo", "Miss Sarajevo" ou "One". Enchi o papo e depois levei 4 horas achegar a casa.
Mas veleu e isso é o que mais importa.